Ao ler o discurso da Vice-Presidente dos EUA Kamala Harris na Conferência de Segurança de Munique na semana passada tomei um susto. Cheguei a achar que realmente as coisas tinham mudado na Casa Branca com a ascensão de Biden e Harris ao poder. A Vice declarou, entre outras coisas, que:
1. Um país que invade outro e mata civis inocentes “comete crimes contra a humanidade”;
2. Estas ações devem ser vistas como demonstrações de “barbárie e desumanidade” devido às centenas de vítimas;
3. Que a invasão de territórios independentes deve ser vista como uma agressão ao direito internacional;
4. Que guerras inevitavelmente retiram milhões de pessoas de suas casas, golpeiam a economia global e transformam os dirigentes dos países agressores em párias internacionais;
5. Propôs que os países filiados à ONU “galvanizem todos os esforços legais para responsabilizar os membros de um governo invasor por meio de tribunais e sanções internacionais”;
6. Finalmente Kamala declarou: “E eu digo a todos aqueles que perpetraram esses crimes, e aos seus superiores que são cúmplices desses crimes, vocês serão responsabilizados”.
Juro que eu achei que alguém tinha finalmente tomado coragem para dizer algumas verdades em relação aos fatos históricos – ocorridos por décadas – patrocinados pelos Estados Unidos da América. Afinal, desde 1846 quando se deu a anexação do Texas mexicano ao País, até o bombardeio e a invasão do Iraque em 2003, são dezenas as invasões a territórios estrangeiros que mataram cerca de 100 milhões de pessoas.
Estas invasões, quando não perpetradas com suas próprias tropas, se deram apoiando golpes contra democracias, levando ao poder, inevitavelmente, lacaios submissos aos interesses estadunidenses. Mas logo vi que eu havia me enganado. Kamala falava da Rússia.