Jornalixo: como a grande mídia usou os mesmos 11 princípios do nazista Goebbels para derrubar Dilma Roussef

Não é difícil a um observador atento identificar o uso farto, pela chamada “grande” mídia brasileira, dos universalmente conhecidos onze princípios do ideólogo e propagandista nazista Joseph Goebbels nos episódios que levaram ao impeachment de Dilma Roussef. Para os mais jovens, vale esclarecer que Goebbels foi o Ministro da Propaganda de Adolf Hitler, cujas estratégias levaram a maior parte do povo alemão a embarcar na aventura hitlerista.
Também vale esclarecer que os fatos relacionados abaixo NÃO são mera coincidência, mas a aplicação metódica da mais pura teoria fascista de comunicação 80 anos após o advento do nazismo.

1. Princípio da simplificação e do inimigo único.
Simplifique ao máximo e não diversifique, escolhendo apenas um inimigo. Ignore o que outros fazem e concentre-se em um até acabar com ele.
Exemplo: A corrupção é um mal praticado pelo PT e Dilma. Mesmo seus ex-aliados, que dividiram com eles o poder por anos, podem ser compreendidos e perdoados (Jucá, Temer, Renan, Sarney, Lobão, Cristovam Buarque, Gedel, Eliseu Padilha, etc.) desde que mudem de lado.

2.Princípio do contágio
Divulgue a capacidade de contágio que este inimigo tem. Reafirme que antes dele tudo era perfeito. Mostre como o presente e o futuro estão sendo contaminados por este inimigo.
Exemplo: As políticas fiscal e monetária do PT, submetidas a seu “populismo bolivariano”, comprometem o equilíbrio fiscal essencial ao futuro do País, que trilhava um excelente e próspero caminho até o PT se tornar Governo.

3. Princípio da Transposição
Translade todos os males sociais a este inimigo.
Exemplo: O desemprego, a inflação, a corrupção, a violência, a falta de educação, o difícil acesso ao sistema de saúde, os engarrafamentos, a má colocação das nossas universidades nos rankings mundiais, as filas nos aeroportos, o desequilíbrio fiscal, são culpa do PT. E tudo isso é resultado das “pedaladas fiscais” e dos três decretos assinados por Dilma Roussef. Sua saída do poder é essencial para se resolver estes problemas.

4. Princípio da Exageração e Desfiguração
Exagere as más noticias até desfigurá-las, transformando um delito em mil delitos, criando assim um clima de profunda insegurança e temor. “O que nos acontecerá?”.
Exemplo: O Brasil nunca atravessou uma crise como a de agora, com consequências tão terríveis, principalmente para os pobres. As “pedaladas” e os três decretos assinados por Dilma são responsáveis por um desequilíbrio sem precedentes nas contas públicas, capaz de comprometer o desenvolvimento econômico do País pelas próximas décadas, elevando ainda mais o desemprego, a inflação, o endividamento e exterminando de vez a credibilidade internacional do País. O futuro será trágico.

5.Princípio da Vulgarização
Transforme tudo numa coisa torpe e de má índole. As ações do inimigo são vulgares, ordinárias, fáceis de descobrir.
Exemplo: Uma gang de bandidos eliminou todos os processos decisórios relativos ao controle de gastos públicos no Brasil desde a chegada do PT ao poder, atuando de forma sorrateira e enganando por vários anos a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, o Ministério Público, o TCU, a Corregedoria Geral da União e todos os demais órgãos de controle, que agora descobriram o que aconteceu devido à forma primária com que tantas irregularidades foram cometidas, já que Dilma Roussef e seus assessores, além de um bando de assaltantes do dinheiro público, são totalmente incompetentes, tendo sido muito fácil flagrá-los.

6. Princípio da Orquestração
Faça ressonar os boatos até se transformarem em notícias, sendo estas replicadas pela “imprensa oficial”.
Exemplo: Manchetes afirmam que Dilma Roussef, já afastada, levou para a casa dela peças valiosas do Palácio do Alvorada. Enfim, cometeu roubo. Após a Presidente comprovar cabalmente que nada havia sido retirado, o desmentido é veiculado em espaços secundários dos meios de comunicação.

7. Princípio da Renovação
Sempre há que bombardear com novas notícias (sobre o inimigo escolhido) para que o receptor não tenha tempo de pensar em sua razoabilidade, pois está sufocado por elas.
Exemplo: Lula tem um sítio em Atibaia, Lula colocou no sítio pedalinhos com os nomes de seus netos, empreiteiras fizeram obras no sítio de Lula, Lula tem uma cobertura triplex no Guarujá, o Instituto Lula recebe dinheiro de empreiteiras, o filho de Lula lavou dinheiro, a empresa do filho de Lula tem sede fictícia, dona Marisa coordenou pessoalmente as obras do triplex do Guarujá, Dona Marisa coordenou pessoalmente as obras no sítio de Atibaia, a Odebrecht paga o aluguel dos contêineres onde Lula guarda todos os presentes que ganhou quando era Presidente, todos os tesoureiros do PT estão presos, das 30 operações da Lava-Jato 27 tinham como objetivo políticos ligados ao PT, Dilma pagou o cabeleireiro de sua campanha de 2014 com dinheiro público, a sede do PT foi invadida e teve seus computadores apreendidos …

8. Princípio da Verossimilhança
Discuta a informação com diversas interpretações de especialistas, mas todas contra o inimigo escolhido.
Exemplo: Monte diariamente mesas redondas onde um jornalista entrevista dois ou três especialistas em economia: um de uma consultoria do mercado de capitais, outro de um grande banco e o terceiro um diretor de empresa de importação e exportação. Todos os especialistas, com os mais diversos argumentos, demonstram como a política econômica do PT é suicida, não tem nenhuma base na teoria econômica, é irresponsável, isola o País do restante do mundo, é causadora de desemprego e inflação, promove gravíssimo desequilíbrio fiscal e diminuiu o grau de confiança dos investidores, que olham o Brasil com desconfiança por causa do governo do PT.

9. Princípio do Silêncio.
Oculte toda a informação que não seja conveniente.
Exemplo: Não fale em queda vertiginosa do preço internacional das commodities brasileiras (Em junho de 2014, o barril de petróleo era negociado a US$ 115; em janeiro de 2015, caiu para US$ 50; terminou 2015 a US$ 37 e em 2016 chegou a menos de US$ 30) e seu impacto nas finanças públicas. Não toque em crise internacional e suas consequências internas. Não fale que o Brasil saiu do Mapa da Fome graças às políticas de combate à pobreza, pois elas são populistas. Não toque no fato de que se agora o desemprego está crescendo, as taxas são inferiores às levantadas pelo mesmo IBGE nos anos 90. Não fale que os números da chamada “gastança” em políticas sociais é ridículo se comparado aos da real gastança com a transferência, anual, de dez vezes mais quantidade de recursos públicos para a rolagem da questionável dívida pública junto ao mercado financeiro. Não diga que a corrupção é problema endêmico no Brasil há décadas e menos ainda que há partidos e políticos que passam incólumes ao lado das investigações (apesar de denunciados inúmeras vezes). Também não toque no fato de que estes mesmos políticos denunciados se transformaram em julgadores da Presidente, mesmo após terem suas vozes gravadas revelando que a saída dela era essencial para se barrar a sangria de novas e das velhas investigações.

10. Princípio da Transferência
Potencialize um fato presente com um fato passado. Sempre que noticiar um fato, acrescente um fato que tenha acontecido antes.
Exemplo: O “populismo” que põe em risco o equilíbrio fiscal e o nosso futuro já nos custou um preço muito alto em décadas passadas. E por isso precisa ser extirpado de nossas vidas, de preferência definitivamente.

11. Princípio de Unanimidade
Busque convergência em assuntos de interesse geral apoderando-se do sentimento produzido por estes. Coloque-os contra o inimigo escolhido.
Exemplo: O feijão está em falta no mercado e o que existe teve seus preços triplicados porque Dilma Roussef enviou grande parte de nosso estoque regulador para Cuba. É verdade que o Brasil doou 625 toneladas de feijão a Cuba em 2015, dentro do Programa de Ajuda Humanitária prevista na Lei 12.429, de 20 de agosto de 2011. Mas também é verdade que nosso estoque regulador era de 103 mil toneladas. Logo, a doação representou cerca de 0,6% de nosso estoque, algo risível e incapaz de alterar os preços que vieram a ser praticados um ano depois.

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