Cá do meu canto, enxergo três razões, todas inaceitáveis, para que a grande mídia comercial deixe de noticiar, apenas 72 horas depois, o assassinato de Benedito Cardoso dos Santos (de 42 anos, à direita da foto), mais um eleitor de Lula, pelo bolsonarista Rafael Silva de Oliveira (de 22, à esquerda), desta fez com sete facadas e a tentativa de degola da vítima com um machado:
1. A “grande” mídia brasileira segue sua toada de, retirando deliberadamente de sua pauta, naturalizar absurdos como este, “esquecendo-os”;
2. A segunda razão está no “elitismo regional”, que também caracteriza os “grandes” meios de comunicação no Brasil, pois afinal desta vez foi no interior do Mato Grosso, local que os donos das grandes mídias consideram “terra de ninguém”. E como a vítima desta vez não foi um jornalista inglês correspondente do The Guardian, nem um ambientalista dedicado à defesa do meio ambiente, o melhor é tratar de outra coisa, pois, afinal, a Rainha morreu, tem o Rock in Rio, o verão europeu nunca foi tão quente, Rosa Weber está assumindo o STF … tem tanta coisa importante acontecendo, não é mesmo?
3. Economia de recursos. Sim, os chefes dos meios de comunicação pensam dez vezes antes de mandar repórteres a local distante como é o caso do município de Confresa (MT) para acompanhar investigações, levantar novos dados, trajetória do assassino e outros fatos que cercam o crime.
Vale ressaltar que os que tomam estas decisões são os mesmos que arguem a necessidade de se assegurar a liberdade de imprensa como coluna vertebral da democracia. Mas parece que, para essa gente, a liberdade de imprensa só merece ser exercida de forma plena após se passar um traço na metade do mapa do Brasil na direção leste – oeste, obviamente priorizando a parte de baixo, que não por coincidência é onde está concentrada a renda nacional. Tem uma lógica nisso.